terça-feira, 28 de dezembro de 2010

PAI

Céu plumbeo, entre a chuva e a neve. Vento frio, vindo de Espanha, mesmo aqui a quinhentos metros se tanto.
Espanha essa onde o meu Pai inúmeras vezes penetrou, quando novo, mais de oitenta kilómetros, a pé, com cargas de 25 e mais Kilos ás costas no contrabando.
Céu cor de morte. Frio de funeral, pois os funerais são sempre frios.
Céu de portas abertas, certamente.
Portas essas por onde o meu Pai entrou.
Foi encontrar-se, de certeza, com alguns Amigos. O meu Sogro, "o ti Zé"; com o Agostinho, que ainda há dias, lá terá entrado; com o Fernando que há poucos meses, lá terá guardado lugar numa mesa ou num qualquer balcão.
Adeus Pai. Guarde-me lá um lugar, pois havemos de brincar, rir e beber uns copos e comer uma ou outra lasca de presunto, ao mesmo tempo que comentamos os "encerros" de Aldeia da Ponte, Forcalhos, Aldeia Velha, Ozendo, etc., etc.
Seja lá onde for, esse lugar.
Ah! e guarde lugar, também, para o "Manel Anito", de quem me pediu para se ir despedir na tarde de 24 de Dezembro e onde recordámos todas aquelas "estórias".
Claro que eu estava mais como ouvinte, mas metendo aqui ou ali a minha colherada, como sempre.
Adeus Pai e obrigado pela educação e formação moral que me deu.
Obrigado.
E até um destes dias.

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