quarta-feira, 22 de maio de 2013

RITA

É com enorme tristeza e profunda mágoa que hoje coloco este post.
Mas é simultâneamente com imenso respeito, que todas as pessoas mais velhas merecem, ou devem merecer ás mais novas.
Mas é também pelo respeito e amizade que o meu Cunhado mais velho, o José Reis e a minha Sobrinha mais velha, a Carla, que o faço. Aliás só o faço porque a Carla, a Filha da Rita e do José, comunicou ao mundo que a sua Mãe, a Rita tinha inesperadamente falecido.
Nada o fazia prever, o que torna tudo ainda mais doloroso.
Aconteceu no dia 15 deste mês, curiosamente no dia em que eu fiz quatro anos em que saí da Victoria.
A Rita era uma pessoa jovial e alegre, profundamente Católica, qualidade essa que se acentuou, na minha opinião, nos últimos anos.
Conhecia-a há um pouco mais de quarenta anos quando as duas Familias, a minha e a da Marina, se começaram a integrar por via do nosso namoro e no pré casamento.
Essa integração continuou para além do casamento e perdurou até hoje. E tem-se fortalecido, felizmente.
Antes do casamento fizemos todos viagens incríveis pelo país e pelo menos alguns de nós, Rita e José incluídos por Espanha. A vida não dava para mais.
E mesmo assim para eu poder ir a Espanha, legalmente, era o cabo dos trabalhos, uma vez que estava prestes a cumprir o Serviço Militar Obrigatório e como tal, dois/três anos antes da data eramos, os da minha idade, virtualmente acorrentados dentro do país. Hoje não se faz ideia do que isso era. Sortudos.
Deixem-me contar um episódio que aconteceu numa dessas viganes mais ou menos loucas. Viagens de fim de semana, por estradas á moda de Africa ou Asia.
Fomos todos em dois carros, a minha Cunhada Paula tinha um carocha e eu um mini 850, mais ou menos a caír de podre, mas que tinha comprado com o primeiro dinheiro que ganhei na venda de umas ações da seguradora onde então trabalhava.
Onde vamos, onde não vamos? A duvida do costume. Vamos ao Gerez. Era Agosto de 1973. Portanto um mês antes do casamento.
Fomos e ficámos em Braga e aí deu-se um episódio caricato, mas revelador da (in)cultura mais ou menos generalizada.
Fomos tomar o pequeno almoço e eu pedi um café e um croissant . Muito atrapalhado o empregado lá foi dizendo: desculpe mas essa marca de cigarros não temos!!
Claro que foi garagalhada geral, deixando o rapazito completamente embatucado sem saber o que dizer. Lá lhe explicámos que não eram cigarros mas sim um bolo, etc., etc.. Mas o episódio ficou.
Visitámos o Gerez, parte do país que me abstenho de comentar, pois não é esse o objetivo. No Domingo á noite viemos para Lisboa, pois no dia seguinte toda a gente tinha que trabalhar. Bons tempos em que havia trabalho, apesar de não haver outras coisas também importantes.
Passámos na Régua e era já noite cerrada. Eis senão quando vimos uma árvore a arder, no seu interior (era uma árvore de um perímetro considerável), correndo o risco de pegar fogo a tudo o resto que a rodeava. Conscientes dos nossos deveres de cidadãos, fizemos um desvio e fomos procurar o Quartel de Bombeiros para dar o alarme.
Deu-se o inacreditável.
Os Bombeiros, parte deles perdidos de bebedos, desceram e sentindo-se incomodados porque teriam que ir trabalhar em lugar de estar na beberriquice, desataram de nos insultar, assim sem mais nem menos - parece mentira, eu sei, mas também há outras coisas que assim parecem e são, por vezes infelizmente, bem verdade - e deram em  nos tentar agredir. Um deles tentou dar um estalo ao meu Pai o que evitei tendo-o eu levado, o que não foi mais do que a minha obrigação, pois é isso que a um bom filho compete.
Até que os animos lá serenaram com a intervenção de outros habitantes da localidade que tendo tomado o nosso partido, arrastaram os Bombeiros para o cumprimento da sua obrigação, independentemente de estarem ou não bêbedos.
Na semana seguinte este episódio, lamentável e reprovável, na altura, mas hoje "engraçado" foi objeto de uma reportagem de um jornal, cujo Diretor era um sujeito de seu nome José Vilhena. Julgo que o titulo do jornal era "Novidades", mas não tenho a certeza.
De qualquer modo conto isto apenas como recordação da Rita e das loucuras saudáveis que fazíamos e das viagens em que nos embrenhavamos, como aquela em que cozinhamos um almoço num jardim em Ávila, Espanha, como se estivessemos num qualquer parque de campismo.
Rita, descansa em paz e espera por mim, para ver se fazemos outra aposta em como eu era capaz de comer mais de meio quilo de arroz doce de uma assentada, para ganhar 20$00 (vinte escudos). Eu ganhei e tu tives-te que mos pagar, lembras-te? Esta foi em casa dos nossos Sogros, pois eu e a Rita eramos Cunhados.
Aproveito a oportunidade para colocar uma foto do ultimo Natal na minha casa (o de 2012) pois o almoço era sempre lá, e como homenagem também a ela vai continuar a ser, tirando o ano em que o meu Pai faleceu, 2011, pois já não havia condições para ele vir a, minha casa e fui eu e a Marina á sua casa.
Ainda bem que fui.


PS- A RITA É A TERCEIRA DA ESQUERDA DA 2ª FILA.

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